domingo, 2 de novembro de 2008

Reduzir, reutilizar... RECICLAR

Por Carolina Rodrigues

Antes de se falar da importância da reciclagem, não podemos nos esquecer dos 3 Rs – Reduzir, Reutilizar e Reciclar — dos quais o mais importante é Reduzir. Reduzir a quantidade de lixo gerado, reduzir o desperdício, reduzir o consumo de matérias-primas virgens, reduzir o consumo de supérfluos. Longe dessa perspectiva de redução, qualquer ação em busca da sustentabilidade é paliativa e equivocada. O conceito de sustentabilidade busca um modelo de desenvolvimento que garanta para as futuras gerações um planeta Terra em condições pelo menos tão boas quanto as que se tem hoje. Daí a importância de uma mudança de hábitos de consumo e do modelo de produção.

Recicláveis são todos aqueles resíduos que têm destinação alternativa ao lixão ou aterro sanitário, ou seja, ao sistema não seletivo de coleta de lixo municipal. A produção de bens a partir da matéria-prima reciclável utiliza menos energia, menos matéria-prima virgem e reduz os custos de disposição final, já que o material reciclável retornou para a cadeia produtiva antes de ser misturado com o lixo comum e enterrado em um aterro sanitário ou deixado em um lixão a céu aberto.

Os aterros sanitários têm operação e construção bastante caras sendo, portanto, imperativo desviar do destino final nessas instalações a maior parte possível dos resíduos urbanos, ou seja, desviar do destino em aterros todos os recicláveis e reaproveitáveis, aumentando assim a vida útil desses aterros e aproveitando, dessa forma, os investimentos de implantação e os custos de operação, além de diminuir a geração do metano. Viver sem aterros sanitários será impossível, já que sempre haverá uma parcela dos resíduos gerados que não se recicla. Ainda mais se for considerada a tendência da sociedade em rejeitar alternativas de aproveitamento energético a partir da queima, vistos os riscos de emissão atmosférica.

Foto: Ezine.com

Latas de lixo para coleta seletiva

O único tratamento de lixo realmente sustentável é a separação na fonte. Aterro sanitário, coleta seletiva e reciclagem são sistemas de apoio ao programa de separação na fonte. São imprescindíveis. A separação na fonte, porém, é o principal, pois é onde tudo começa.A coleta seletiva é a coleta dos materiais recicláveis previamente separados na fonte geradora. A coleta multisseletiva é a que contempla a separação dos materiais por tipo (uma lixeira para os plásticos, outra para os metais, outra para os vidros e outra para o papel e papelão) já na fonte geradora. Os materiais coletados de maneira seletiva (todos os recicláveis juntos) serão separados preferencialmente em uma cooperativa de catadores, contemplando assim não só o aspecto ambiental, mas o social também com a geração de trabalho e renda. Nesse local, os materiais serão separados por tipo e cor, embrulhada, estocada e comercializada pelos atravessadores que as venderão para as indústrias que consomem matéria-prima reciclável.

O encadeamento desta cadeia produtiva pode ser desenhado assim: “consumo - geração de resíduos – coleta seletiva informal realizada pelos catadores ou sistemas organizados pelo município com ou sem a inclusão do catador – pequeno atravessador – atravessador médio – grande atravessador – indústria”. Ou mais sinteticamente: “consumidor – catador – atravessadores – indústria”, que retorna o produto para o consumidor, fechando o ciclo da reciclagem.

Ainda é preciso, porém, aumentar o consumo dos recicláveis pelas indústrias, em substituição às matérias-primas virgens. E uma forma de fazer isso é procurar difundir o valor e a importância do reciclado junto aos consumidores e formadores de opinião, de maneira a se criarem novos mercados e a aquecer esta cadeia produtiva mais socialmente justa e ambientalmente sustentável.

Chuva: Use e Abuse

Por Simone Fernandes

No dia 22 de março comemora-se o Dia Mundial da Água. O Planeta Terra, quando visto do espaço, assemelha-se a uma grande esfera azul, graças à grande quantidade de água existente em sua superfície.

Devido ao crescimento desenfreado da urbanização e da industrialização dos grandes centros, os lagos e rios e seus afluentes sofrem com a poluição, a redução dos mananciais e com o aquecimento global. Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), apenas 3% de toda a água terrestre é própria para consumo e somente 0,25% não está congelada.

O consumo desenfreado na indústria e na agricultura (que, de acordo com a ONU, consome cerca de 70% da água disponível no planeta) faz com que a utilização direta da água pelos humanos fique ameaçada - a entidade afirma que, atualmente, 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso a água potável e 5 milhões morrem anualmente devido a contaminação da água para uso humano.

Para tentar amenizar o problema da falta de água, várias soluções vêem sendo colocadas em prática. Entre elas podemos citar o aproveitamento das águas da chuva. Embora a água da chuva não seja considerada um recurso limpo ou potável - pois, normalmente, ela escoa pelos telhados e calhas, carregando todas as impurezas do caminho - uma pesquisa da Universidade da Malásia deixou claro que, após o início da chuva, somente as primeiras águas carregariam ácidos, microorganismos, e outros poluentes atmosféricos e, em pouco tempo, o líquido já adquire características de água destilada, que pode ser coletada em reservatórios fechados.

Foto: Simone Fernandes

Caixa de coleta de água de chuva

Proprietários de imóveis, arquitetos e designers têm buscado soluções cada vez mais viáveis para a sustentabilidade de residências e estabelecimentos comerciais. Regar as plantas, lavar o quintal, abastecer as torneiras preservando o meio ambiente utilizando um recurso natural cada vez mais escasso como as águas das chuvas envolve economia financeira e natural.

As pessoas mais lúcidas de nossa população já fazem uma boa economia dentro de casa com as orientações sugeridas, tais como:

- Fechar torneiras enquanto escovam os dentes, fazem a barba, ensaboam a louça etc.;

- Não usar mangueira para lavar pisos, calçadas, automóveis etc.;

- Trocar as válvulas de descargas por caixas acopladas ao vaso sanitário com limitador de volume por descarga;

- Diminuir o tempo no banho.

O sistema de aproveitamento de água da chuva é uma medida inteligente e eficaz. A água da chuva coletada através de calhas, condutores verticais e horizontais é armazenada em reservatório, podendo ser de diferentes materiais. A água armazenada deverá ser utilizada somente para consumo não potável, como em bacias sanitárias, em torneiras de jardim, para lavagem de veículos e para lavagem de roupas.

Foto: Simone Fernandes
Telha com calha condutora interna para recolhimento de água pluvial

O custo do processo de captação de água varia entre R$ 3 mil e R$ 8 mil, para um imóvel de aproximadamente 200 metros quadrados. O retorno pode ser obtido num prazo de três a oito anos. O reservatório deve estar protegido de a luz solar, para evitar a formação de fungos e algas. Também deve ser higienizado constantemente através da filtragem para a retirada de detritos.