Por Juliana Alvim
Construir uma casa sempre traz à mente a idéia de desperdício de materiais que poderiam ser melhor aproveitados ou que poderiam até mesmo servir de material para outras obras. Uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), de 2002, estabelece que resíduos de obras da construção civil devem ser reutilizados para diminuir os impactos do lixo gerado sobre o meio ambiente. Restos de casas demolidas podem ser reciclados e substituírem a areia para concreto em novas obras, economizando material e dinheiro e reduzindo o desperdício.
Tijolo de solo-cimento, feito com resíduo de construção
O processo de reaproveitamento de resíduos de obras gera uma gama de materiais que podem ser utilizados tanto em obras públicas quanto em construções privadas. O entulho pode se transformar em argamassa, blocos de concreto, ladrilhos, contrapiso, base para rodovias e tijolos de solo-cimento. Os resíduos são separados em quatro categorias:
Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
Esses resíduos deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados às áreas de aterro de resíduos da construção civil, para utilização ou reciclagem futura;
Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros. Deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de armazenamento temporário.
Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso. Devem ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com normas técnicas especificas.
Classe D - são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros. Esses resíduos deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em conformidade com as normas técnicas especificas.
Parede pintada com tinta fabricada com terra
Mas construir uma casa sustentável não é somente saber como se desfazer de resíduos. Também é possível utilizar materiais que não agridam o ambiente, como telhas e forros feitas de materiais recicláveis, tijolos modulares, feitos de terra prensada, um processo que prescinde de queima; madeiras “plásticas”, feitas de garrafas PET recicladas e fibras vegetais, tintas feitas de terra, que não levam metais na composição e deixam a parede “respirar”, o que evita problemas de umidade; e madeiras certificadas, provenientes de florestas exploradas de forma sustentável e que podem ser utilizadas também na fabricação de móveis.